domingo, 11 de setembro de 2011

Amanhecer - Stephenie Meyer


Por Ana Lucia Santana
Ler Amanhecer é como mergulhar em um universo de mitos que nos envolve de tal maneira que, subitamente, ele se transforma na única realidade possível. Nesta sequência final da série Crepúsculo, a trama se torna ainda mais eletrizante, as hesitações se definem, escolhas são realizadas e o leitor finalmente saberá se Bella, a protagonista da saga, optará por continuar humana ou se converterá definitivamente em vampira.
No final de Eclipse – volume anterior -, Bella ainda está dividida entre dois amores distintos, ambos do circuito mítico – o vampiro Edward e o lobisomem Jacob. Ela ainda vacila, também, entre sua condição humana e o seu futuro como vampira, pesando em sua balança interior o que conquistará e o que perderá com suas escolhas.

Em Amanhecer uma nova jornada a aguarda, um casamento que a apavora, seu distanciamento da família, especialmente do pai, Charlie, e a imprevisível lua-de-mel, da qual ela não sabe o que realmente esperar. Tudo é mistério e incógnitas diante de si. Por outro lado, Jacob, seu melhor amigo, igualmente aspirante ao seu coração, está desaparecido, transfigurado em forma de lobo, fugindo desesperadamente diante da possibilidade de perder seu grande amor.
Bella se refugia em suas fantasias, imaginando como será seu mundo ao lado de Edward, tentando conceber a si mesma como vampira, buscando a autoconfiança que não a ampara em sua identidade humana. Ela segue adiante e se torna a Senhora Cullen, cheia de expectativas e esperanças, embora sua felicidade ainda esteja incompleta, pois sabe o quanto Jacob está infeliz.
A partir desta escolha de Bella, tudo pode acontecer, até mesmo o que o leitor jamais poderia esperar. E quando tudo parece se encaminhar para a resolução dos sentimentos envolvidos neste triângulo amoroso, e as feridas parecem começar a cicatrizar, a trama toma novamente um rumo inesperado, que pode não só mudar o mundo dos vampiros e dos lobisomens, mas até mesmo destruí-los.
Stephenie Meyer inova neste romance ao deixar de lado o ponto de vista único, protagonizado por Bella, e ao criar, a exemplo do que já tentara em Eclipse, uma visão multíplice, ao incluir a voz de Jacob na narrativa. Esta é completamente subvertida ao assumir o ângulo do outro vértice do triângulo, ao revelar a forma como ele vê os outros personagens e o próprio enredo. É possível que o leitor até se esqueça de que, até então, a trama era conduzida pelas lembranças de Bella.
Sob este ponto de vista, é possível perceber que as escolhas de Bella não transformaram definitivamente apenas o universo dos Cullen, mas também, e principalmente, o clã dos lobos. Com o desenrolar dos acontecimentos, o líder deles, Sam, vê sua autoridade, adotada por falta de um alfa legítimo, ser contestada por Jacob, que está naturalmente destinado a ocupar esta posição. Depois deste passo decisivo, nada mais será como antes. O clã está inevitavelmente fissurado.
Neste volume, todos os mistérios e tramas habilmente dispostos ao longo da saga são finalmente decifrados e solucionados. Mas, até chegar a esta conclusão assombrosa, o leitor terá que se munir de nervos de aço, pois a história se desenrola de tal forma, que ele não deve estranhar se não conseguir respirar, se não depois que alcançar a margem extrema desta série. Ou seja, quando finalmente amanhecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário