terça-feira, 20 de setembro de 2011

Filme A corrente do bem


A CORRENTE DO BEM
 Como iniciar grandes transformações a partir de pequenos passos


Pensar na escola como sendo um lugar que pode gerar uma transformação tão grandiosa que ultrapasse os limites espaciais da vida de um estudante é algo que nos parece longe demais, no entanto, o filme a "Corrente do Bem" parte dessa premissa: aquilo que nos parece aparentemente impossível pode estar ao nosso alcance.
A história do filme tem um grande mérito em seu currículo, já foi capaz de promover o surgimento nos Estados Unidos de um movimento assemelhado ao que foi apresentado nas telas, portanto, como dizemos na gíria, "moveu montanhas".

Vamos ao filme, trata-se da história de um garoto de 12 ou 13 anos, portanto um aluno de 7ª Série, com as aulas começando, em seu primeiro dia. Quando o garoto e seus colegas chegam à sala de aula, encontram o professor de geografia os aguardando, sentado em uma cadeira, a meditar sobre os pontos que pretende desenvolver nesse primeiro encontro com seus novos alunos. Quando todos estão sentados e instala-se um necessário silêncio, o professor inicia suas atividades apresentando-se e falando sobre os propósitos de seu curso e das dificuldades de se trabalhar com adolescentes; apesar de ter marcado o mapa na lousa em diversos pontos, o professor despreza o material e propõe uma atividade diferenciada, pergunta aos alunos sobre a possibilidade de desenvolvimento de um projeto, mas não um simples trabalho escolar, algo que vá além, que gere consequências, que provoque transformações.
Apesar de inicialmente termos a ideia de que tal professor (vivido pelo “oscarizado” Kevin Spacey, premiado pelo seu trabalho no crítico "Beleza Americana") é conservador e que suas aulas devem corresponder a sua postura e atitude diante do grupo, esta proposta inicial nos coloca diante de uma nova perspectiva, mais bela, mais poética, mais revolucionária.
Se ficamos interessados pela proposta, imaginem então, como reagiriam alunos de 12 ou 13 anos. Isso mesmo, a princípio, com grande indiferença, a não ser por um dos garotos, de nome Trevor, personificado pelo impressionante Haley Joel Osment (do surpreendente suspense "O Sexto Sentido" e do instigante "AI - Inteligência Artificial"), que cria a "Corrente do Bem". Essa corrente funciona como as pirâmides através das quais as pessoas tentam ganhar dinheiro ou livros, por exemplo, só que ao invés de utilizar essa artimanha para multiplicar os ganhos materiais, a proposta do garoto encaminha-se no sentido de fazer com que as pessoas pratiquem o bem para os outros, sem esperar qualquer devolução ou retorno.
Cada pessoa teria que fazer o bem para 3 indivíduos e, pedir que os outros continuassem fazendo o mesmo, ou seja, praticando o bem para outras pessoas e pedindo que elas estendessem essa corrente indefinidamente. De 3 benfeitorias ou benefícios prestados passaríamos numa segunda etapa para 9, dos 9 para 27 e, assim sucessivamente.
Perceberam como, uma simples ideia lançada numa sala de aula acabou por se tornar uma verdadeira revolução no pensar e no agir?

Além de nos provocar para que, como professores procuremos fazer com que nossos pequenos esforços se tornem grandes em seus resultados gerais para nossos alunos e nossas comunidades, o filme traz ainda discussões acerca do respeito pelas diferenças, das dificuldades de relacionamento familiar e, mais especificamente, da dificuldade que temos em entender os mais jovens (parecemos não querer escutá-los, mesmo quando nos mostramos atentos; parecemos não nos importarmos com o que os jovens pensam, quando deveríamos participar nossas opiniões e saber escutar a deles; apesar de toda rebeldia, muitos querem e precisam de nosso apoio). 


Ficha Técnica

A Corrente do Bem
(Pay it Forward)

País/Ano de produção:- EUA, 2000
Duração/Gênero:- 122 min., drama
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Mimi Leder
Roteiro de Mike Rich
Elenco:- Kevin Spacey, Haley Joel Osment, Helen Hunt, Jon Bon Jovi, 
James Caviezel, Angie Dickinson, Shawn Pyfrom

Filme As cinzas de Ângela



AS CINZAS DE ÂNGELA


O que é a miséria?

O que significa ser pobre ou ser rico? Como integrantes da classe média, estamos diante da miséria e da pobreza tantas vezes durante nossa existência, no entanto, não podemos afirmar com certeza que temos uma compreensão plena, sincera ou mesmo mínima desse fenômeno. A mesma afirmação pode ser feita em relação ao polo oposto, onde vivem os grandes magnatas, as pessoas muito ricas, para quem tudo pode ser adquirido, independentemente do preço que estiver na etiqueta.

Assistimos nos noticiários da televisão, lemos artigos em jornais e revistas, vemos filmes que apresentam uma ideia aproximada do que significa viver ou sobreviver com tão pouco e não temos, mesmo assim, ideia do que seja ser pobre, ser miserável?



Busco em dicionários as palavras que ajudem a elucidar e permitir uma melhor compreensão do fenômeno.


miséria . [Do lat. miseria, ´desgraça´, ´infelicidade´.] S. f. 1. Estado lastimoso, deplorável. 2. Pobreza extrema; indigência, penúria. 3. Estado vergonhoso, indigno, infame, torpe. 4. Mesquinharia, sovinice, avareza. 5. Bagatela, ninharia, insignificância. 6. Fraqueza, defeito, imperfeição. 7. Ação ou procedimento indigno, infame, vil. Chorar miséria. 1. Deplorar ao extremo algum fato. Fazer misérias. (Dicionário Aurélio)

pobreza (ê). [De pobre + -eza.] S. f. 1. Estado ou qualidade de pobre. 2. Falta do necessário à vida; penúria, escassez. 3. A classe dos pobres. (Dicionário Aurélio)

As palavras carregam conceitos fortes que atrelam o significado de miséria e pobreza a escassez, a lástima, a penúria, a estado indigno e, a imperfeição. Cada uma dessas palavras não é capaz de traduzir de fato o que seja não ter um teto para se abrigar, passar horas e dias sem se alimentar decentemente, ser vítima de violências, ter medo e se sentir inseguro,ver outros seres humanos com desconfiança, e ser visto com indiferença.

"As Cinzas de Ângela", filme de Alan Parker (cineasta que produziu grandes filmes como "O Expresso da Meia-Noite", "Pink Floyd - The Wall", "Coração Satânico",...), nos introduz ao universo miserável e procura, mesmo assim, dar alguma esperança, mostrar a luz no fim do túnel, despertar nossa sensibilidade.
O Filme


Quando a família McCourt nos é apresentada, nos deparamos com várias crianças num ambiente sujo, desprovido de comida, com um pai desempregado e sem perspectivas e com uma mãe que procura, na medida do possível, não enlouquecer diante desse quadro aterrador. Para as crianças se alimentarem tem que contar com o auxílio e a boa vontade de uma vizinha, que os acolhe maltrapilhos, alguns seminus e todos, indistintamente, precisando de um bom banho.
Ao receberem a visita de alguns parentes, são orientados a voltar para seu país de origem, a Irlanda, e deixarem o sonho (ou seria pesadelo?) americano para trás. Fracassaram. Olham do barco o porto de Nova Iorque, se despedem melancolicamente da Estátua da Liberdade. Deixam para trás uma terra de oportunidades que para eles representou derrota e morte. Enterraram um de seus filhos na América e, junto com ele, todas as suas esperanças. Quem sabe em casa, próximos de seus parentes, tivessem melhor sorte...
Corria a década de 1930. Anos difíceis marcados por uma recessão mundial sem precedentes, surgida como consequência da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. A miséria que deveria afrontar a consciência e o coração dos homens se tornara moeda corrente. Eram tantos os pobres, os desempregados, que as pessoas não pareciam se importar. Cada qual tentando solucionar seus próprios dramas, suas carências e dificuldades.
À volta a Irlanda não proporciona ganhos. Ângela McCourt (Emily Watson) continua a conviver com a desgraça e, para piorar, não pode contar com o auxílio do marido, Malachy McCourt (Robert Carlyle), sujeito de bom coração, que demonstra amor sincero pelos filhos e pela esposa, mas que é fraco e se entrega ao alcoolismo e vive desempregado, conseguindo algum dinheiro a partir de trabalhos temporários. O problema é que uma boa parcela desse dinheiro acaba desviada para seu vício e não permite que seja colocada comida nos pratos de seus filhos...
As dificuldades se avolumam ainda mais quando a família é abandonada pelo pai, que foi em busca de oportunidades na Inglaterra e não retorna e nem manda dinheiro. O filho mais velho, Frank McCourt (protagonizado por três atores diferentes para apresentá-lo na idade adulta, como jovem e como criança), desde cedo encarregado de zelar pelos irmãos e aluno destacado na escola se torna, então, a esperança da família...
Forte e denso, "As Cinzas de Ângela" emocionam.
Aos Educadores


1- "As Cinzas de Ângela" nos mostra como outros povos já passaram por situações de miséria ou nos alerta para o fato que outros ainda vivem em situação crítica. Ao apresentarmos nossas feridas e problemas não estamos clamando por soluções, pedindo por remédios, por medidas da sociedade e do governo? Que outros gritos podem ser dados, que outras oportunidades existem para que se fale abertamente de nossas dores?

2- Perceber a pobreza e a miséria pode ser formas de nos sensibilizarmos em relação às mesmas e nos mobilizarmos em prol de sua superação. Promova pesquisas e vá com seus estudantes a favelas e áreas carentes de sua cidade. Entrevistem as pessoas e verifiquem suas condições de vida, suas dificuldades. Perguntem sobre os auxílios que são dados por entidades governamentais (prefeituras, governo do estado ou governo federal) e por ONGs (Organizações não-governamentais). Depois de tudo isso, quando em aulas, questione seus alunos sobre medidas práticas que o grupo pode realizar para auxiliar essas comunidades.

3- Um dos projetos mais interessantes desenvolvidos a respeito de dignidade e direitos em relação a comunidades carentes resultou no livro "Cidadão de Papel", do jornalista Gilberto Dimenstein. Peça a leitura do livro a seus alunos, verifiquem se as condições averiguadas quando o livro foi escrito foram superadas ou se tudo continua do mesmo jeito, estimule comparações entre o que foi visto na pesquisa de campo e aquilo que está escrito no livro. (Outra obra de Dimenstein que merece ser vista é "O Aprendiz do Futuro", onde a educação e a atualização são apresentadas como ferramentas eficazes no combate a desigualdade).

4- Procurem descobrir como as ONGs que atuam no combate a miséria, a pobreza e a fome funcionam. Verifiquem quais são os projetos governamentais que visam estimular políticas de assistência social e de combate à desigualdade gigantesca que assola nosso país. Faça levantamentos no site do IBGE sobre os indicadores que possam explicar os problemas desse setor. Mobilizem-se e reajam, é essencial para que possamos superar as mazelas de nosso país, para que possamos estabelecer um mínimo de dignidade e decência na vida de nosso povo pobre e sofrido.

Obs.: Uma boa dica para quem quer ajudar e mostrar solidariedade é o recém lançado site Ajuda Brasil, que pode ser acessado no endereço www.ajudabrasil.org; Para quem quer se informar mais sobre o trabalho educacional consciente do jornalista Gilberto Dimenstein, é obrigatória a visita ao site Aprendiz, que pode ser encontrado em www.aprendiz.com.br.

Ficha Técnica


As Cinzas de Ângela

(Angela´s Ashes)

País/Ano de produção:- EUA/Irlanda, 1999
Duração/Gênero:- 120 min., Drama
Disponível em VHS e DVD
Direção de Alan Parker.
Roteiro de Laura Jones e Alan Parker
Elenco:- Emily Watson, Robert Carlyle, Joe Breens, Ciaran Owens, Michael Legge, Ronnie Masterson, Pauline McLynn, Liam Carney.

Filme Bee Movie - a história de uma abelha


Bee Movie, produzido pela DreamWorks e originalmente concebido pelo astro da TV americana, Jerry Seinfeld é mais uma dessas valiosas contribuições da cultura pop destinada as crianças que nos ajuda a compreender melhor o mundo em que vivemos. 
Nessa animação há, por exemplo, a reprodução das bases operacionais da sociedade humana no universo das abelhas, da construção de sua colmeia e interação com o mundo externo, onde transitam em busca de pólen para abastecer e fomentar a produção de mel, principal elemento de sustentação e sobrevivência da vida das abelhas. 
Não apenas reproduz o que seria uma estrutura de operação e trabalho no mundo das abelhas aproximando-a daquela típica dos seres humanos e de suas comunidades, mas vai além procurando criticar, de forma irônica e subliminar [nas entrelinhas] práticas, padrões, comportamentos e estereótipos assumidos não pelas abelhas, mas pelos humanos. 
Ao assumir esse compromisso crítico e mobilizar-se na direção de um entretenimento que diverte e que também provoca, estimula e propicia a possibilidade da crítica, animações como Bee Movie tornam-se recursos culturais de inestimável valor para a educação. É imprescindível, no entanto, que para que isso aconteça, os educadores se mostrem propícios a compreender sua lógica, estrutura e possibilidades pedagógicas. Somente a partir de então será possível adaptar, adequar, planejar e orientar o uso desse e de outros desenhos animados para um trabalho de qualidade em sala de aula.

O filme


Barry acabou de se formar e mal recebeu o diploma já está empregado. Isso é, certamente, o sonho de 10 entre 10 recém-formados, terminar um curso e já estar formalmente integrado ao mercado de trabalho. Aonde ele irá trabalhar? Como todas as abelhas, na produção de mel, em alguma etapa do processo produtivo que mantém a vida naquela Colméia, afinal de contas Barry é apenas uma abelha a mais numa colônia onde elas podem ser contabilizadas aos milhares... 
Mas diferentemente de seus parceiros e colegas, Barry não está conformado. Ele quer ir além, tem sonhos de conhecer o mundo externo e atuar de forma mais incisiva na relação das abelhas com os outros seres e habitats, mesmo no que tange ao contato com os seres humanos, relativamente aos quais eles deveriam manter distância. 
No entanto, como no mundo dos humanos, as abelhas desse mundo animado também são talhadas e destinadas a trabalhar de acordo com suas possibilidades e potencialidades – explorando suas características e qualidades mais evidentes. E Barry não tem os atributos necessários para o exercício da função que faria com que ele tivesse mais contato com o mundo externo, a de abelha em busca de pólen, a matéria-prima essencial para a sobrevivência de todos os membros da coletividade. 
Isso não quer dizer que ele vá simplesmente aceitar essa situação e agir em conformidade com as regras estabelecidas. Pelo contrário, assim que surge uma oportunidade, Barry voa mundo afora e acaba conhecendo não apenas o mundo externo... Ele cria elos e relações com os humanos ao firmar amizade com a jovem florista Vanessa [por quem, literalmente, arrasta uma asinha, sem trocadilhos].
E mais, ao arriscar-se fora da colmeia, Barry descobre que os seres humanos se apoderam do mel produzido pelas abelhas e, literalmente, alienam as produtoras do resultado de seu trabalho...
Onde vai dar isso? Num enorme processo liderado por Barry contra os seres humanos... E a repercussão dessa iniciativa das abelhas? Numa mudança de rumo que afeta a própria estrutura de funcionamento dos ecossistemas que existem na Terra... 
Bee Movie é apenas uma animação, mas certamente pode provocar muitos debates e estimular a aprendizagem e o conhecimento de variados temas ali apresentados, da questão ambiental aos sistemas de trabalho, das diferenças entre as espécies ao sistema judiciário, dos meios de comunicação de massa aos procedimentos de marketing e venda de produtos... Imperdível! 

Para Refletir 


1. Como funciona uma colméia? E as abelhas, quais são suas características? O mel é considerado um ótimo alimento, o que motiva os nutricionistas e médicos a afirmarem isso? Explorar inicialmente o universo das abelhas [seu trabalho, relações e produção] é um ótimo início de projetos envolvendo a produção Bee Movie. Buscar informações adicionais em sites, livros e documentários seria de grande valor para projetos com qualquer faixa etária. 

2. Os ecossistemas existentes na Terra são extremamente frágeis e dependentes da relação entre as diferentes espécies. Nesse ínterim a presença dos seres humanos acabou transformando o meio e promovendo alterações e modificações como o desaparecimento de algumas espécies e até mesmo a propagação de outras. Ao retratar isso, Bee Movie sugere uma reflexão e estimula produções acerca de como o desaparecimento de uma espécie animal ou vegetal causa danos a vida de todos os outros seres vivos... Que tal explorar essa premissa?

3. A reprodução em escala colméia da sociedade humana e de seu funcionamento é ao mesmo tempo, satírica e crítica. Através dessa estratégia dos produtores o que se quer é fazer rir e, ao mesmo tempo, estimular a sempre necessária reflexão acerca dos padrões sociais em que vivemos. Seria bastante útil fazer uma averiguação e exame acurado da animação com o propósito de realizar paralelos entre os padrões da colméia e da sociedade humana para que percebamos e repensemos práticas, ações, estratégias e sistemas que não são tão úteis quanto parecem... 
Ficha Técnica 


BEE MOVIE

A História de Uma Abelha

País/Ano de produção: EUA, 2007
Duração/Gênero: 90 min., Animação/Comédia
Indicação Etária: Livre
Direção de Steve Hickner e Simon J. Smith
Roteiro de Spike Feresten, Jerry Seinfeld, Andy Robin e Barry Marden
Elenco (vozes): Jerry Seinfeld, Renée Zellweger, Matthew Broderick, Chris Rock, Ray Liotta, Sting, John Goodman, Kathy Bates, Barry Levinson, Oprah Winfrey, Patrick Warburton, Larry King, Rip Torn.

Filme À procura da felicidade


À PROCURA DA FELICIDADE

Superação a toda prova

Acreditem, é possível vencer! Nem mesmo os maiores obstáculos podem impedir os obstinados. Aqueles que realmente estão imbuídos de uma meta, atrás de objetivos claros e dispostos a suar a camisa atingem o triunfo. Há inúmeras histórias de pessoas comuns, que chegaram lá porque se dispuseram a ousar, a estudar, a planejar suas carreiras e vidas, a estruturar cada pequeno passo e a não demonstrar desânimo em nenhum momento de suas jornadas.

“À Procura da Felicidade”, estrelado pelo astro Will Smith e dirigido por Gabriele Muccino, nos coloca em contato com uma valiosa história de superação humana. Num cenário que poderia ser qualificado por muitos como um dos piores possíveis, um jovem pai aposta todas as suas fichas e cada um dos seus minguados centavos na concretização de um novo projeto profissional. Na esteira de tudo isso, abandonado pela esposa e assumindo plenamente suas responsabilidades paternas.
E o que podemos tirar de cada fotograma como experiência ou lição para nossas vidas? Muitas coisas. Por exemplo, que aprendemos tanto com os bons quanto com os maus acontecimentos de nossas existências. A decisão de ficar com seu filho de 5 ou 6 anos, contrariando as expectativas e a própria lei, demonstra o quanto a amarga experiência de ter sido abandonando ainda criança por seu pai marcaram o protagonista do filme, vivido por Smith.
Uma de suas falas/pensamentos indica com clareza o fato e demonstra que, sejam quais forem as dificuldades ou problemas que enfrente, a paternidade não é e jamais será vista ou entendida como empecilho ou drama pelo personagem. Isso abre espaço para mais uma importante consideração, ou seja, a de que a família, tão pouco considerada e valorizada ultimamente é, com certeza, a célula-mater da sociedade e uma das garantias para o desenvolvimento saudável (em todos os sentidos) de pais e filhos.
Isso também é perceptível com facilidade ao longo do filme quando vemos que, mesmo quando o dinheiro é curtíssimo ou inexistente, ainda que não exista um teto ou comida no prato, a presença e a troca de afeto entre pai e filho garantem tanto para o mais velho quanto para o mais novo, alguma sensação de segurança e de estabilidade.
Essas são apenas lições paralelas ao tema principal do filme, mas que não apenas alimentam a trama (baseada em fatos reais), como também nos levam a crer o quão fidedignos e verdadeiros nos parecem todos os acontecimentos ali descritos. A riqueza da história também reside no fato de que nos identificamos com os personagens e sabemos que tudo aquilo poderia acontecer com qualquer um de nós.
O fio principal que conduz a película é, no entanto, a capacidade de superação, a garra, a fibra e todo o empenho demonstrados pelo personagem de Smith para conseguir atingir seus objetivos profissionais. Uma carreira e não um emprego é o que busca o protagonista e, creiam, há uma diferença muito grande entre ambos. Para entender melhor o que quero dizer com isso, ouse assistir e se emocionar com essa bela história da vida real e, como muitos espectadores, passe a acreditar e lutar você também pelos seus sonhos...

O Filme
Vender scanners portáteis que realizam vários exames médicos em hospitais pareceu para Chris Gardner (Will Smith, indicado ao Oscar por sua interpretação) e sua esposa Linda (Thandie Newton) um ótimo negócio. Por esse motivo o casal investiu todas as suas economias na aquisição de várias unidades do aparelho e Chris tornou-se vendedor.
Batia de hospital em hospital, visitava clínicas, tentava negociar o equipamento com administradores hospitalares e médicos todos os dias, sem jamais demonstrar cansaço ou desânimo, ainda que os resultados obtidos fossem muito ruins... Passaram-se alguns longos e penosos meses durante os quais Gardner não conseguiu negociar nenhum equipamento. Com isso o dinheiro ficou cada vez mais curto e as contas foram se acumulando: o aluguel, impostos, a água, o telefone, a gasolina,...
O salário de sua esposa era baixo e somente pagava aquilo que era mais imediato. A paciência dela também era curta e, depois de algum tempo, se esgotou completamente. Veio a separação e o abandono do lar pela jovem, em busca de uma melhor perspectiva de vida, que não via ao lado do marido, a quem considerava um perdedor...
Mas a família não se restringia aos dois... Entre eles havia ainda o pequeno Christopher (Jaden Smith, filho de Will Smith na vida real) e suas necessidades, como a creche, a alimentação, as roupas, a higiene, a saúde,... A mãe até quis levar o garoto de 5 ou 6 anos com ela, mas do menino o pai não abriu mão, apesar das dificuldades que a vida lhe apresentava...
A gota d’água para a separação foi a decisão de Chris de tentar uma nova profissão. Queria tornar-se corretor na bolsa de valores, trabalhar numa boa corretora e, como alguns profissionais da área que tivera a oportunidade de observar, ganhar algum dinheiro, segurança e estabilidade.
Nada demais num belo sonho como esse, não acham? Só que para que isso pudesse acontecer, Chris teria que se tornar estagiário de uma firma durante 3 meses, sem qualquer remuneração ou garantia de que poderia ficar com o emprego ao final, posição profissional que estaria disputando com mais algumas dezenas de candidatos... Se não bastasse isso, sem dinheiro, prestes a ser despejado pelo seu senhorio, tendo seu filho a tiracolo e com seu carro tendo sido apreendido pelas autoridades, assim como o que ainda restava de seu saldo bancário, cabia o questionamento: Como encontrar a felicidade?

Para Refletir


1- As escolas atualmente respondem por inúmeras funções além daquelas relativas ao processo de ensino-aprendizagem. Professores tornaram-se psicólogos, tutores, orientadores profissionais, conselheiros, amigos e, muitas vezes, acabam até mesmo substituindo os próprios pais, tão ausentes na vida e na formação de seus filhos. As famílias precisam se reinventar, aconchegar-se novamente, integrar-se como até algum tempo atrás percebíamos, buscar a união, regozijar-se em seus encontros e reuniões. Refletir em como demonstramos nosso amor em família? 

2- Ao abordar a diferença entre emprego e carreira percebida no filme “À Procura da Felicidade”, é possível dar luz ao trabalho do educador. Muitas vezes nossa realidade profissional não é aquela que almejamos e, por conta disso, alguns cruzam os braços e se recusam a fazer mais do que o básico. Dessa forma acabamos entrando num círculo vicioso que nos compele a sempre ficar por baixo, sem alternativas reais de crescimento, de implementação. A superação desse nefasto quadro passa, necessariamente, pela própria consciência que devemos ter quanto ao que pensamos, queremos e realizamos em educação. Muitas vezes acreditamos que os esforços que fazemos são invisíveis aos olhos das demais pessoas, mas isso não é verdade. Se por meio de nossas ações transformamos e agimos com coração e fé, respaldados pelo estudo, pela criatividade e pela ousadia, haverá triunfo, como o personagem do filme... (E, diga-se de passagem, isso é valido não só para a educação, como também para qualquer campo de atuação).

3- Penso que diariamente somos bombardeados pela mídia com inúmeras notícias ruins. Guerras, violência urbana, devastação ambiental, corrupção, má gestão dos recursos públicos, conduta mais do que inadequada de autoridades ou figuras públicas,... As notícias boas e os exemplos de realização pessoal e profissional, por outro lado, raramente ganham menções ou espaços na televisão, nos rádios, na internet ou em jornais e revistas. E não estou falando apenas de celebridades, grandes empresários, conhecidos cientistas, notórios filantropos,... Há grandes exemplos muito próximos de cada um de nós, em nossas cidades, nos bairros em que vivemos,... Que tal propor aos estudantes que busquem outras histórias de sucesso e vitória como a do filme “À Procura da Felicidade”?

Ficha Técnica 

À Procura da Felicidade

(The Pursuit of Happiness)

País/Ano de produção: Estados Unidos, 2006
Duração/Gênero: 117 min., Drama
Direção de Gabriele Muccino
Roteiro de Steve Conrad
Elenco: Will Smith, Jaden Smith, Thandie Newton, Brian Howe, James Karen, Dan Castellaneta, Kurt Fuller, Takayo Fischer, Domenic Bove, Scott Klace.